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NOSSAS PALAVRAS

A Umbanda nasceu da mescla de culturas – crenças, ideias, ritos. Índios, europeus e negros se mesclaram. Santos e Orixás se sincretizaram. Cada um contribuindo para criar nossa gente, nossa cultura, nossa religiosidade.


Pelos terreiros do Brasil afora, os diferentes deuses, santos, espíritos se encontraram, se entenderam e se redefiniram, fazendo brotar a Umbanda.


E nesse processo, a língua teve papel primordial como instrumento para representar conceitos – abstratos e materiais – novos ou redefinir antigos, para defender pontos de vista, para explicar o que se passa e o que se passou, para manipular as energias, para remodelar o mundo. Eis a importância de conhecermos as palavras usadas no Terreiro!

"A língua... é uma ponte que te permite atravessar com segurança de um lugar para outro."

Arnold Wesker

GLOSSÁRIO

[A]

ABARÉ - Forma como na língua tupi os índios se referiam aos missionários ou padres cristãos. Por extensão passou a significar também "sacerdote". Assim, numa tradução livre, as nomenclaturas dadas na nossa Escola às Entidades dos médiuns Subchefe de Terreiro (SCT) - abaré-mirim -, Chefe de Terreiro (CT) - abaré - e de Subcomandante Chefe de Terreiro (SCCT) - abaré-guaçu - significam "sacerdote pequeno (ou iniciante)", "sacerdote" e "sacerdote maior", respectivamente. 

ABEBÉ - Em iorubá, abano ou leque, geralmente de forma circular que, nos Candomblés, simboliza Oxum ou Iemanjá, de acordo com o material com o qual é feito e os símbolos que contém: quando de latão e tendo uma estrela no centro, representa Oxum; quando de metal prateado ou pintado de branco e tendo no centro o recorte de uma figura de sereia ou, ainda, a representação de um peixe, Iemanjá.

AGÔ – Na língua iorubá, pedido de desculpas ou de licença para se entrar, sair, passar etc.

AIOCÁ - do iorubá ‘mar’ ou ‘fundo do mar’; usado na referência a Iemanjá, como "princesa de (ou do) aiocá."

ALFANGE - sabre de lâmina curta e larga, com o fio no lado convexo da curva. A espada usada como paramento de Iansã.

ALVORADA - Toque de corneta ou banda marcial ao alvorecer, usado para despertar os soldados nos quartéis ou a guarnição a bordo de navios.

ARRIBA - Saudação aos Ciganos. O mesmo que "para cima", "para adiante", provavelmente em referência ao caráter festivo e dinâmico dessas Entidades.

ARUANDA – Cidadela/ colônia espiritual, na qual habitam grande parte das Entidades de Umbanda. Por vezes, também usada em sentido mais amplo referindo-se ao plano espiritual como um todo.

“... Luz que veio de Aruanda/ Para tudo iluminar...”

ATOTÔ - Saudação a Obaluaê/ Omolu. Do iorubá atoto'o, que significa uma ordem de "silêncio" ou para que se ouça alguma coisa: "ouvi" (imperativo de ouvir - ouvi vós).

[B]

BABÁ - Nos cultos iorubás e em seus derivados, pai ou ancestral. "Epa babá Oxalá!".

BANGO - Dinheiro. O mesmo que "zimba".

BOJÁ - "Discípulo" - aluno, aprendiz - na língua tupi-guarani. Assim, a nomenclatura dada na nossa Escola às Entidades dos médiuns Iniciantes (I) - bojá-mirim -, de Banco (B) - bojá - e de Terreiro (T) - bojá-guaçu - significam "discípulo pequeno", "discípulo" e "discípulo maior", respectivamente.

[C]

CALUNGA - Na língua banta, calunga é o mar. Nos terreiros, as entidades, comumente, usa "calunga grande" para se referirem ao mar; e a expressão "calunga pequena", quando se referem ao cemitério.

CAMARINHA - Mesmo que "roncó" (ou "runcó"): cômodo nos terreiros de Candomblé e em algumas linhas de Umbanda onde os médiuns em processo de iniciação na religião ficam recolhidos, em retiro. Na Escola de Mirim não há tal recolhimento, logo, não há necessidade de um cômodo devotado a isso.

CAMUTINGA – Cabeça.

"... Pai Roberto, vem / Vem ver camutinga de filho, meu pai / O que é que tem"

CANZUÁ (ou ganzuá) - Cabana, terreiro ou casa onde se realizam as cerimônias religiosas. Casa de forma geral.

"Aqui nessa aldeia/ Tem um Caboclo que ele é real/ Ele não mora longe/ Mora aqui mesmo nesse canzuá!"


CARA SUJA - "O cara suja" ("o cara preta") é como as Entidades se referem ao período do Carnaval: "a festa do cara suja"; "no tempo do cara preta"; "durante o cara suja". O termo é uma referência ao costume que se tinha antigamente de se pintar o rosto com graxa, fuligem ou farinha durante os festejos do Carnaval.


CATIVEIRO - Lugar em que alguém se encontra preso, cativo; a escravidão em si. Em sentido figurado, pode também ser entendido como dominação ou prisão moral ou espiritual.


CRUZEIRO - Que tem formato de ou que é marcado por uma cruz. Em cemitérios e igrejas é um local onde se acendem velas e se reza pelas almas. Nas Casas de Umbanda, geralmente se tem um cruzeiro - um local com uma cruz - próximo à entrada.


CURIMBA - Música ritualística cantada e/ou tocada nos templos das religiões de matriz afrobrasileira. A palavra refre-se também ao grupo de médiuns que cantam e/ou tocam os instrumentos.

[D]

DEMANDA - Qualquer dificuldade; combate, luta, peleja no sentido literal e figurado.

[E]

EGRÉGORA - Campo de força criado no Plano Astral a partir da energia emitida por um grupo de pessoas através dos seus padrões mentais e emocionais.


EGUM - Em iorubá "eegun" ou "e'gun" é a forma reduzida de "egungun" que significa "espírito reencarnado de ancestral". No Candomblé, o termo, por extensão, passou a significar "espírito" em geral, especialmente os não evoluído. Daí, o termo chegou para nós, na Umbanda, com o significado de "alma penada", "espírito não desenvolvido que vaga pela terra".


EPA BABÁ - Saudação a Oxalá. "Epa" é uma exclamação de surpresa, de grande admiração pela honrosa presença e "babá" significa "pai" (ver Babá).


ERÊ - No Candomblé, o Erê é o intermediário entre a pessoa e seu Orixá; se apresenta como uma Entidade espiritual com características infantis, parecido com as nossas Crianças, na Umbanda. Porém, no Candomblé, o Erê tem um papel muito importante: é por meio dele que o Orixá expressa sua vontade e também que o iniciado aprende as coisas fundamentais como as danças e os ritos específicos de seu Orixá.

Apesar de pertencer especificamente ao culto do Candomblé, por comparação, o termo foi também incorporado ao nosso vocabulário fazendo referência as nossas "Crianças Espirituais".

[F]

FUNDANGA - Pólvora. O mesmo que "tuia".


FESTA DA CARA SUJA - Expressão pela qual algumas Entidades se referem ao período de Carnaval.

[G]

GANZUÁ - O mesmo que "canzuá".


-GUAÇU - Sufixo de origem tupi-guarani que quer dizer "de grande porte; avultado, volumoso". No nosso vocabulário, forma as designações "abaré-guaçu" e "bojá-guaçu", que seriam, tradução livre, algo como "sacerdote grande" e "discípulo grande" ou "sacerdote maior" e "discípulo maior".

[H]

[I]

IBEJADA - Refere-se às "Crianças Espirituais" como falange. O termo deriva de Ibeji - os Orixás gêmeos, sincretizados com São Cosme e São Damião.


IBEJI - no panteão iorubá, Ibeji - ou Ibêji - é um orixá "duplo", representa princípio da dualidade que rege o mundo, por isso, foi sincretizado com Cosme e Damião. Na nossa Umbanda, nos referimos aos "Ibejis" quando falamos das Crianças espirituais.

[J]

[K]

[L]

LEGBARA - O mesmo que Exu. Provavelmente oriundo do termo iorubá "elégbára", usado como um dos títulos de Exu e que significa "aquele que é possuidor do poder".

LIVRE-ALVEDRIO - O mesmo que LIVRE-ARBÍTRIO. Possibilidade de decidir, escolher em função da própria vontade, isenta de qualquer condicionamento, motivo ou causa determinante.

[M]

MALEME (ou malembe) - pedido de auxílio e ou de perdão às Entidades e aos Orixás.


MARAFO (ou marafa) - Aguardente de cana; cachaça. Por extensão, toda bebida alcoólica.


MELINDRE - Disposição para se ressentir, se ofender (geralmente por coisa insignificante); suscetibilidade; fragilidade/ grande sensibilidade frente a críticas.

MIRIM - Na língua tupi-guarani "mirim" quer dizer pequeno, de tamanho reduzido. E foi com um nome baseado na humildade, reconhecendo sua "pequenez" perante a Zâmbi (Deus) que o Caboclo Mirim se apresentou na Terra e trouxe sua Escola para nos mostrar o caminho. Salve o Caboclo Mirim!

MOJUBÁ - Mojubá é uma saudação em iorubá, um comprimento que se faz a quem se tem respeito. É uma palavra também usada como um título para dizer que a pessoa é reconhecida e respeitada. Na Umbanda dizemos, por exemplo: “Exu Mojubá” ou “Exu é Mojubá”, que pode ser entendido como “Exu, os meus respeitos” ou “Exu é digno de respeito”.


MORUBIXABA - Forma como os índios de várias tribos se referem ao seu líder, seu chefe. Também se diz murumuxaua, muruxaua, tubixaba e tuxaua. Por extensão, aquele que chefia ou comanda um Terreiro ou uma organização ou instituição social de qualquer natureza.


MIRONGA - Num sentido positivo, é o mesmo que mistério, segredo; já no sentido negativo, brigas, demandas, contendas.

[N]

[O]

ODÉ – Oxoce

...Na lua Oxoce é Odé/ Odé, Odé, Odé, Odé/ Rei de Ketu, Caboclo da mata/ Odé, Odé..."

ODOIÁ - Saudação a Iemanjá. Do iorubá odo (=rio) e ìyá (=mãe), ou seja, "mão do rio". Isso porque, originalmente, Iemanjá era cultuada pelo povo Egbá, da Nigéria, como uma divindade de um rio. Mas por sua ligação com Olokun - um Orixá do mar, geralmente não cultuado nas casas de Umbanda - ela tornou-se "rainha do mar", forma como chegou até nós.


OFÁ - Arco e flecha, o símbolo de Oxoce.


OGUNHÊ - Saudação a Ogum (aletração do iorubá Ogun).


OIÁ - Outro nome pelo qual é conhecida Iansã, especialmente nos Candomblés ortodoxos quetos.

"Epa rei, Oiá! / É minha mãe Iansã, / É rainha dos ventos, Senhora do ar! / Epa rei, Oiá!..."


OPTCHÁ - Em língua romani, a língua dos ciganos, quer dizer "salve". Juntamente com ARRIBA, do espanhol "pra cima", é uma saudação usada para o povo do Cigano.


ORA IE IE Ô - Saudação feita a Oxum. Pode ser traduzido como "salve a Senhora da bondade".


OTI - O mesmo que "marafo": aguardente de cana; cachaça. E, por extensão, toda bebida alcoólica.

[P]

PASSAGEM - Momento do desencarne, da "morte". Comumente usada na expressão "fazer a passagem"; transição, mudança do mundo material para o mundo espiritual.


PATACORI - Saudação dirigida a Ogum. Do iorubá: 'pataki' - importante, supremo + 'ori': cabeça. Numa tradução livre: a cabeça mais importante; o principal; o general.


PEMBA - Espécie de giz ristualístico.


PERNA-DE-CALÇA - Homem, moço; por extensão, marido, namorado. Forma como as Entidades se referem a alguém que se identifica como homem: "Como vai seu perna-de-calça, filha?" é o mesmo que "Como vai seu marido/ esposo, filha?".


PITO - Cachimbo ou, por extensão do sentido, "rolo de tabaco": charuto, cigarro ou cigarrilha.

[Q]

QUIUMBA - Espírito obsessor. Um marginal do mundo astral. Um espírito, que ciente de sua condição de desencarnado, se vale dela para "proveito" próprio. São espíritos perturbadores, zombeteiros e mistificadores. Costumam se passar por espíritos elevados, geralmente Exus e Pombagiras de Lei, mas, diferente desses, sua postura e conteúdo de suas mensagens estão voltados para o mal. Geralmente, agem de forma espalhafatosa; são exigentes, ameaçadores e às vezes até violentos; buscam impor sua vontade, indo contra o livre-arbítrio dos envolvidos na comunicação; suas mensagens são focadas em ódio, vingança e obtenção de coisas materiais.


QUIZILA - Conflito de interesses, briga, rixa, pendenga. Ou ainda, aversão gratuita por alguém ou algo; antipatia, inimizade.

[R]

RABO-DE-SAIA - Mulher, moça; por extensão, esposa, namorada. Forma como as Entidades se referem a alguém que se identifica como mulher: "Como vai seu rabo-de-saia, filho?" é o mesmo que "Como vai sua mulher/ esposa, filho?"


RONCÓ (ou runco) - Mesmo que "camarinha": cômodo nos terreiros de Candomblé e em algumas linhas de Umbanda onde os médiuns em processo de iniciação na religião ficam recolhidos, em retiro. Na Escola de Mirim não há tal recolhimento, logo, não há necessidade de um cômodo devotado a isso.

[S]

SALUBA (ou salubá) - Saudação a Nanã Buruquê. Algumas fontes apontam para o iorubá "Sálù bá Nánà", com o significado de "nos refugiamos em Nanã".


SARAVÁ - Usada como forma de saudação. É o mesmo que "salve". Originada na forma como os escravos que tinha a língua banta (da parte oriental da África) como língua mãe, pronunciavam a palavra "salvar". Acredita-se que, para eles, salvar soava - e assim era repetida! - como "salavar", que, com o tempo, veio a dar em "saravá".

Por isso, em nossas práticas, "saravamos" tudo que para nós é sagrado, respeitável, importante: SARAVÁ UMBANDA!

[T]

TAPETE DE OXALÁ - Mesmo que boldo-da-terra ou boldo-de-jardim. Planta de folhas aveludadas, bastante utilizada na medicina popular para os males do fígado e como regulador da digestão.


TATA - "Chefe", "maioral", "o que é grande". Em algumas casas, o chefe do terreiro é chamado de tata.

"Seu Omolu é Tata, é Tata na Umbanda / Seu Omolu é Tata, é Tata na Umbanda

Com sua coroa e sua bengala ele também dança/ Com sua coroa e sua bengala ele também dança."


TOCO - Conforme o contexto, forma como as Entidades se referem a vela (também "toco de acender") e a banco (ou qualquer tipo de assento).


TRONQUEIRA - De forma geral, tronqueira refere-se às estacas de madeira mais grossa que sustentam uma porteira. Por extensão, a porteira em si; uma entrada. Num Terreiro, são as entradas - física e espiritual - onde os Exus controlam o acesso ao mesmo. O termo também é comumente usado para se referir à "casa dos Exus", um compartimento que, geralmente, fica logo na entrada do Terreiro, à esquerda de quem entra.


TUIA - Pólvora. O mesmo que "fundanga".


TURÍBULO - Vaso, geralmente de barro ou metal, preso a pequenas correntes no qual se queima incenso; incensório.

[U]

[V]

[W]

[X]

[Y]

[Z]

ZÂMBI – Deus. Eterno, imutável, imaterial, único, onipotente e soberanamente justo e bom.


ZIMBA - Dinheiro. O mesmo que "bango".

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